sábado, 29 de setembro de 2012

Fábrica de Medalhas Parte III

Austrália

Como um país com cerca de 22 milhões de habitantes consegue ganhar tantas medalhas olímpicas?

A Austrália, mesmo sendo um país com população pequena, ficou em 10º. lugar no quadro de medalhas nas Olimpíadas de Londres, com 35 no total.
Este país ilha é o segundo com o maior número de obesos, perdendo só para os Estados Unidos, mas mesmo assim consegue ter um grande número de atletas de alto nível. Enviou 410 atletas aos jogos de 2012.

Em 1976, por exemplo, o país ganhou somente cinco medalhas. Mas rapidamente, a Austrália entendeu que para competir com países europeus e com os Estados Unidos, era preciso copiar alguns métodos de treinamento daqueles países. Um deles são os centros de treinamentos, AIS (sigla do Instituto Australiano de Esportes), que foi aberto em Canberra em 26 de Janeiro de 1981.

A fundação australiana de esportes diz que atleta de alto nível é o resultado de um trabalho em equipe, com treinadores capacitados, infra-estrutura de última geração e serviços de medicina do esporte. Tudo isso é encontrado nos centros de treinamento do AIS, que oferecem 36 programas esportivos em 26 categorias, e que possui centros em sete locais (Canberra, Adelaide, Brisbane, Gold Coast, Melbourne, Perth e Sydney).

Atualmente cerca de 700 atletas recebem bolsas de estudo para o Instituto, incluindo alojamento, alimentação, viagem, além é claro, educação, treinadores, equipamentos de última geração e assistência médica.
O centro de Canberra está numa área de 65 hectares, com tudo que um centro esportivo pode oferecer, além de um centro de medicina com psicólogos, nutricionistas, massagem e departamento biomecânico.
Pelo que eu entendi, isso funciona como uma universidade do esporte, onde o atleta vive para treinar, mas recebe educação voltada para o esporte, o que o ajuda no futuro quando sua carreira esportiva acabar, chamada de Carreira e Educação para Atletas oferecida pelos centros AIS. Veja mais no site: http://www.ausport.gov.au/ais/about

Quanto custa o ouro?

O governo australiano investiu cerca de AUS$ 588 milhões na Comissão Esportiva Australiana para o esporte olímpico para os jogos de 2012. Segundo Dr. James Connor, pesquisador do esporte da Universidade de New South Wales in Canberra, (http://www.crikey.com.au/2012/07/26/what-price-gold-tallying-up-olympic-success/) se a Austrália ganhasse 12 medalhas de ouro, cada medalha teria custado AUS$ 49 milhões. Infelizmente eles ganharam somente 7, o que faz com que cada uma custou AUS$ 84 milhões.

Atualmente muitos australianos estão questionando o benefício do alto investimento em esportes de elite. Será que vale a pena gastar tudo isso para que a Austrália figure entre os países com o maior número de medalhas?

“A pergunta mais difícil é do valor desses modelos - será que queremos que nossos filhos admirem esses atletas e aspirem em se tornar um deles? Aspirem em quebrar o queixo de alguém, ameaçar juízes, consumir drogas no pior aspecto e colocar em risco a saúde com treinos super estressantes?”, escreve o autor.

Ele acaba por responder suas próprias questões, explicando que a justificativa de investir milhões em esporte de alto nível para inspirar crianças a praticar esportes cai por terra facilmente. Dr. Connor diz que o pânico da obesidade é usada como propaganda  por aqueles que são a favor do investimento em esporte de elite, afirmando que cada ouro significa mais crianças correndo, pulando, nadando, ou seja, tornando-se mais saudáveis. “Infelizmente compramos essa panacéia, embora não haja nenhuma evidência, seja internacional ou australiana, do efeito de alguma conquista esportiva na motivação da população para se exercitar mais”, atesta o pesquisador.

O autor ainda explica que se queremos ter mais crianças se exercitando, deveria haver mais fundo para melhorar o acesso às atividades físicas, com mais parques, quadras, ciclovias, material esportivo, como sapatos, bolas, e até aulas de natação gratuitas, em vez de dar essa “free ride” (coisas dadas de mão beijada) para as elites esportivas.

O que você acha das colocações do Dr. James Connor? Seria proveitoso ter institutos de esportes no Brasil? Quem ganharia com esse tipo de investimento?

sábado, 8 de setembro de 2012

Fábrica humana de medalhas

Parte II - Estados Unidos

Como os Estados Unidos conseguem ter sempre excelentes atletas em tantas modalidades?

Os Estados Unidos dominaram no quadro de medalhas e nós nos perguntamos como isso é possível num país em recessão.

Para entender o sistema americano de formação de atletas e preciso explicar que nos Estados Unidos não existem universidades gratuitas, até as escolas do governo exigem pagamento de mensalidades. Isso faz com que famílias economizem para a universidade dos filhos, ou os filhos se destaquem em alguma disciplina acadêmica para conseguir bolsa de estudo, uma delas é a modalidade esportiva. A maioria das universidades possui clubes esportivos. Seria como por exemplo se no futebol o São Paulo fosse da USP e o Santos de uma universidade da cidade de Santos.

Já no Colegial (High School nos Estados Unidos) os estudantes que se destacam nas disciplinas esportivas são procurados por universidades para fazer parte do seu quadro de alunos e, claro, jogar na equipe daquele estabelecimento.

Atualmente 6,9 milhões de estudantes do colegial são atletas nos Estados Unidos e entre eles alguns milhões serão recrutados para os clubes das universidades.

Quando estudei nos Estados Unidos, em Maryville-Tennessee, o Maryville College tinha um excelente time de basquete. Durante um jogo, fiquei admirada em ver que eles haviam contratado uma cantora para cantar o hino nacional americano antes da partida (mesmo sendo uma simples partida entre universidades).

Quando há torneios entre as “high schools”, os caçadores de talentos das universidades vão atrás das estrelas juvenis para “oferecer” uma bolsa de estudos com ajuda financeira (salários) para que estes estudantes escolham suas universidades e para isso, eles não exigem altas notas no SAT (tipo de Enem e vestibular).

Além dos caça-talentos das próprias universidades, existem também fundações que ajudam os atletas a encontrarem faculdades oferecendo bolsas de estudo atléticas. Veja mais sobre essas agências no http://www.athletes-usa.com/ .

Outro suporte aos atletas e através da iniciativa privada. A BMW por exemplo, uma das patrocínadoras dos jogos de Londres investiu nos atletas americanos. Sua fábrica em Mountain View, Califórnia desenvolveu uma câmera de perfomance (Stereo Vision) que capta o movimento de um atleta de salto em distância e calcula a velocidade, altura e largura do salto imediatamente, dando ao técnico uma valiosa informação para aperfeiçoar os treinamentos.

O decatleta Bryan Clay, medalha de ouro em 2008, explica que a câmera da BMW ajuda em seus treinamentos. “Nosso mundo é medido em centímetros e centenas de segundos, e isso realmente faz a diferença entre uma medalha de ouro ou nenhuma medalha.” Clay é um dos 11 atletas americanos que fazem parte do BMW Performance Team, que faz propaganda para a BMW durante o patrocínio da empresa nos jogos olímpicos.

 

P.S. O uniforme do time dos EUA foi feito na China e recebeu muitas críticas dos patrióticos americanos.

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