sábado, 31 de março de 2012

Brasil invade Paraguai

Quem não se lembra da aula de história sobre a guerra do Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai)?


Para quem esqueceu, resumindo, a Guerra do Paraguai, entre os anos de 1864 e 1870, ocorreu devido à intenção do ditador Solano Lopes de obter uma passagem para o mar. Em abril de 1866 ocorreu a invasão do Paraguai pelo Brasil e em 1869, sob a liderança de Duque de Caxias, os militares brasileiros chegam a Assunção. Em 1870 Solano Lopes é morto.


- Nesta guerra morreram cerca de 300 mil pessoas (civis e militares);
- Cerca de 20% da população paraguaia morreu na guerra;
- A indústria paraguaia foi destruída e a economia ficou totalmente comprometida;
- O prejuízo financeiro para o Brasil, com os gastos de guerra, foi extremamente elevado e acabou por prejudicar a economia brasileira.
- A Inglaterra, que apoiou a Tríplice Aliança, aumentou sua influência na região.
Saldo e conseqüências da Guerra segundo o site http://www.historiadobrasil.net/guerraparaguai/


Da aula de história, lembro-me da professora, D. Cida, enfatizando que essa guerra dizimou uma parte da população paraguaia e destruiu a economia do país.
Infelizmente essa nova invasão é mais sutil. A região de Chaco, na fronteira com o Brasil, está sendo invadida por fazendeiros brasileiros, que chegam destruindo florestas para sua criação de gado. Já houve muita floresta destruída no Brasil, agora é a vez de conquistar as florestas dos vizinhos. Segundo Guyra, grupo ambientalista de Assunção, cerca de 1,2 milhões de acres já foram desflorestados.


Existem atualmente 300,000 brasiguaios. “Eles chegam com uma moeda forte e compram enormes pedaços de terras”, conta Franklin Klassen, membro do conselho municipal de Loma Plata. Por um lado, esses brasileiros ajudam na expansão da agricultura e produção bovina no Paraguai, mas por outro, destroem a floresta, onde a população indígena tira seu alimento.
Um dos homens mais ricos do Paraguai é o brasileiro Tranquilo Favero. Produtor de soja e fazendeiro de gado. Recentemente ele causou protestos no país por causa de comentários infelizes, como que os trabalhadores sem-terras paraguaios eram como mulher de malandro, que só obedece na base da pancada.

Somente Favero possui cerca de 615.000 acres no Chaco, e outras terras na parte oeste do Paraguai.

Além da devastação do meio-ambiente, outro problema do desflorestamento é o desalojamento da população local. No caso de Filadelfia, cidade de Chaco, onde áreas imensas de florestas foram transformadas em pastos, os Ayoreos, grupo étnico, acabaram sendo expulsos da floresta. Isso tem gerado a criação de favelas na beira das estradas, pois onde eles moravam e caçavam, agora existem enormes fazendas de gado.

De acordo com os Ayoreos, algumas vezes os fazendeiros os contratam para trabalhos diários, pagando cerca de US$ 10 (R$ 18,00) por dia.

“Nós nunca mais poderemos viver na floresta,” diz Arturo Chiquenoi, 28, um rapaz Ayoreo que trabalha de vez em quando nas fazendas. “Aquela vida terminou.”

sábado, 10 de março de 2012

Medo de voar

Você fica nervoso quando viaja em avião? Escolhe a companhia aérea em função do baixo número de acidentes da empresa?

Quem nunca sentiu um friozinho na barriga assim que um avião decolou? Por mais amedrontado que alguém fique, aeronave ainda é um dos meios mais seguros de transporte.

A Embraer, quarta maior fabricante de aviões do mundo, contratou o ator Jackie Chan como embaixador/garoto propaganda de seus jatos para aumentar a venda no mercado asiático. A China possui atualmente algo em torno de 1,1 milhão de milionários, que além de comprarem carros ou iates super caros, também estão adquirindo uns jatinhos.

Bom, por que introduzi essa informação num texto sobre o medo de voar? Primeiro porque a maioria das pessoas não sabe que o Brasil fabrica aviões. Segundo, porque ainda há muito preconceito quanto onde os aviões, ou outros produtos quaisquer, são fabricados.

Recentemente li um artigo escrito por Michael Karam, editor de Executive, uma revista libanesa sobre negócios. Ele precisava ir a Hurghada (Egito) via Cairo e a única opção era com a EgyptAir. “Sou um passageiro nervoso e, devo admitir, com uma atitude irracionalmente quase racista pelas companhias aéreas menos glamorosas”, escreve Karam.
O jornalista estava tão amedrontado que resolveu pedir conselho a um amigo americano que voa constantemente ao Egito. Seu amigo lhe acalmou dizendo que a EgyptAir faz parte da Star Alliance e que para isso precisa manter um alto standard em segurança e manutenção.
“Comecei a me sentir melhor!”, afirma o autor, mas com um porém, pois ele tinha que voar duas vezes num vôo doméstico (de Cairo a Hurghada e vice-versa). Ele continua escrevendo que um medo irracional tomou conta dele, como se o vôo interno no Egito fosse uma sentença de morte. “Ainda mais quando se ouve falar de aviões russos que caem freqüentemente.”
Seu vôo doméstico era com a EgyptAir Express, cuja frota é de aviões da Embraer. “Aviões brasileiros? Desde quando os brasileiros fazem aviões? Achamos que os brasileiros passam o dia jogando futebol de praia/areia!”, surpreende-se o escritor.
O texto termina relatando que os vôos foram bons e que o doméstico, com avião Embraer, ofereceu o melhor serviço que Karam já havia recebido num vôo. “Eles foram eficiente, pontuais e o E-170 da Embraer demonstrou ser um excelente pequeno avião.”

Só pra finalizar, de acordo com http://www.planecrashinfo.com/, entre 1950 e 2010 houve 1.085 acidentes fatais envolvendo aviões comerciais. O risco de morrer numa aeronave comercial é de 1 em 9,2 milhões e a sorte de sobreviver num pouso forçado na água é 53%. Mesmo se viajarmos numa companhia com terrível recorde de segurança, nossa chance de morte é de 1 em 843 mil.

Jackie Chan - EMBRAER LEGACY 650 www.youtube.com/watch?v=1l66RMFtagI

sábado, 3 de março de 2012




Banheiro a céu aberto

Com quantas pessoas você divide seu banheiro? Qual é mais privado pra você, um quarto ou um banheiro?
Deixe sua resposta num comentário no final deste texto.

Banheiro é um assunto que me interessa. Já escrevi sobre defecar neste mesmo blog.


Quando eu era criança, sempre disse que quando eu tivesse minha própria casa, teria um banheiro só pra mim. Acho que ter um banheiro exclusivo é tão importante quanto ter um quarto, mas confesso que acho o banheiro um local ainda mais privativo que o quarto. Vocês podem estar pensando, “que exagero, claro que banheiro pode ser usado por mais de uma pessoa. Isso é luxo demais!”


Realmente é luxo, ainda mais quando vejo que para a população indiana, 58% das pessoas não possuem banheiro em casa. Numa favela indiana cada vaso sanitário, mais especificamente, é usado por mais de 200 pessoas. Um absurdo para um país onde a maioria da população possui um telefone celular, mas não tem acesso a um vaso sanitário, que dirá um banheiro com chuveiro.


Quem já foi à Índia deve saber do que estou descrevendo. As pessoas usam qualquer lugar como banheiro, porque simplesmente não há toaletes suficientes para toda a população. Cerca de 1.2 bilhões de pessoas defecam ao ar livre, segundo um estudo da Unicef e da Organização Mundial da Saúde. Para quem quiser ler mais sobre o assunto: www.who.int/entity/health_financing/documents/dp_e_09_06-medisave_karnataka.pdf


Infelizmente, a Índia está no topo da lista dos países com crônico déficit em banheiros. Logo após, vem a China, onde 5% da população não possui acesso a vaso sanitário. Em terceiro lugar, Paquistão e Etiópia, com 4.5%. O Brasil está um pouco atrás com 2.2%, Estados Unidos, com 1.3% e Chile, com 0.5%.


A diferença em números é enorme entre o primeiro lugar e o resto. A explicação dada por Aidan Cronin, responsável da Unicef pela questão sanitária na Índia, é a falta de incentivo do governo e também do estigma cultural-religioso.


Faz somente 20 anos que o governo indiano começou a incentivar o uso de banheiros em vez do “ar livre latrina”, por questões de saúde pública.


Outra razão é que normalmente banheiros na Índia devem ser limpos somente pelos Dalits (intocáveis), a casta mais baixa da sociedade. Portanto, as pessoas preferem não ter um banheiro do que ao limpá-lo serem associadas com os Dalits.


Jairam Ramesh, Ministro do deselvolvimento rural da Índia, explica que mulheres preferem ter um telefone celular a um banheiro. Como se pudéssemos comparar o benefício de um contra o outro, penso eu. Isso me lembra da velha frase, não sei se caso ou compro uma bicicleta. Nada a ver, para alguém que não conhece a cultura indiana.


Outra explicação interessante é do co-fundador da Guardian, uma empresa de micro-finanças em Tamil Nadu (região sul da Índia). Ele comenta que quando sua empresa oferece para emprestar dinheiro para alguém construir um banheiro, a resposta é “no need” (não é necessário). “Eles não querem nem discutir a possibilidade, pois acham que isso é “dirty business” (negócio sujo).”


Esse problema não é de ordem pessoal, mas pública, pois os “defecadores” ao ar livre, não escolhem local para usar como banheiro e a contaminação de rios, nascentes e lençol freático é imensurável. (Argh, acho que não vou mais comer nenhum legume vindo da Índia. Infelizmente compro mandioca cultivada lá.) Cerca de mil crianças menores de cinco anos morrem diariamente naquele país por contaminação.


Voltando a questão do banheiro só pra mim. Felizmente, tenho um enorme, aliás na minha casa há cinco banheiros, quatro dos quais com chuveiro também. Realmente é um luxo, mas amo receber visitas e dar-lhes também esse tipo de conforto. Ainda bem que não tenho nenhum problema em limpar banheiro e ser considerada um Dalit.

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