segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ramadã, mês de jejum

Que tal um jejum coletivo?

Ramadã é a celebração mais santa do calendário islâmico. No nono mês, os muçulmanos dedicam-se ao jejum enquanto o sol brilha e festejam quando o sol se põe.

Segundo o Wikipédia: “O Ramadão (português europeu) ou Ramadã (português brasileiro), também grafado Ramadan (em árabe) é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam), o quarto dos cinco pilares do Islão (arkan al-Islam).
A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo facto do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano.”

Este é o mês do Ramadã e em países mulçumanos como Os Emirados Árabes Unidos, ninguém pode comer ou beber durante o dia.
As praças de alimentação nos shoppings, os restaurantes e cafés estão todos fechados. Música também é proibida enquanto o sol brilha. Os mulçumanos dizem que neste mês os fiéis são chamados a jejuar não somente dos alimentos, mas também de cigarros e sexo.

Quando cheguei aos Emirados pela primeira vez em 2004, o Ramadã aconteceu em novembro, quando as temperaturas estavam mais baixas. Neste ano, o mês do Ramadã ocorreu no pico do verão, pois seguindo o calendário solar, cada ano as datas regridem 11 dias.

Em países como Egito, Líbano, onde há um certo número de pessoas de outras religiões, comer e beber não é totalmente proibido em público, mas somente pedido às pessoas de evitarem. Nos países como os Emirados, Árabia Saudita e alguns outros, essa é uma interdição geral.

Neste ano, porém, vi um café onde um pano preto cobria as janelas e a porta, permitindo que se coma ou beba lá dentro. O local estava tão escuro que não sei se o ambiente era realmente convidativo. Acredito que seja somente para alguém que realmente precise comer por ordem médica, ou talvez para turistas desprevenidos.

Nos orgãos públicos, seções militares e escritórios, todo mundo trabalha menos horas. Os militares e orgãos públicos começam às 9h e fecham às 13h30 ou mais tardar às 14h. Mas normalmente, os outros estabelecimentos abrem às 9h e fecham às 16h. Supermercados e lojas ficam abertos até a meia-noite para compensar os horários da manhã.

Se durante o dia parece que tudo está mais lento, a noite é a festa. Assim que o sol se põe, pessoas correm para a casa de familiares e amigos para celebrar o Iftar. Os restaurantes enchem cerca de 10 minutos antes do fim do jejum. Todos à mesa esperando para o horário de começar a comer.

Iftar, explicado por Wikipédia: “Ao término de cada dia, com o início do crepúsculo é obrigação do muçulmano quebrar o jejum imediatamente, mesmo antes da oração, suplicando a Deus Criador, segundo relato de Maomé as seguintes palavras: "Se foi a sede, hidrataram-se as veias, e se alcançou a recompensa, com a permissão de Deus". O iftar (árabe: إفطار) é o momento para reunir os membros da família e os seus amigos numa celebração de fé e de alegria. Após esta refeição, é prática social sair com a família para visitar amigos e familiares e reunirem-se para a prática da oração."

Mesmo quem não é muçulmano celebra o Iftar, onde uma quantidade enorme de comida, doces e sucos são servidos. Os restaurantes preparam buffets enormes que são apreciados por todos. As empresas também escolhem pelo menos um dia para levar seus empregados a um restaurante para um jantar Iftar.

No ano passado, a empresa de meu marido nos levou ao Emirates Palace, em Abu Dhabi, para o melhor Iftar que já tivemos.

Logo após o mês do Ramadã, a celebração do EId al Fitr ocorre. Quando a lua nova é avistada no céu há um feriado de três dias consecutivos no mínimo, mas muitas empresas oferecem uma semana. O Eid é marcado com muitas festas, banquetes, troca de presentes, compra de roupas novas e decorações das ruas e lojas, com luzes coloridas. As celebrações são muito parecidas com as festas de Natal, onde presentes são oferecidos aos familiares e amigos.

Vídeo Iftar
www.youtube.com/watch?v=lfQ2UIE9aDA















quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Escravos no Paraíso

Você achava que escravidão era coisa do passado? Ou somente de países subdesenvolvidos?

Nesta semana cheguei em casa por volta das 22h30 e vi o salva-vidas da piscina do prédio onde moro esperando o ônibus da empresa para levá-lo para o seu dormitório que fica numa cidade vizinha a Dubai (cerca de 1h de carro).

Como eu sei que ele começa às 7 da manhã, no dia seguinte perguntei a ele até que horas ele trabalha. Para minha surpresa, ele disse que das 7h às 21h direto, com um dia de folga por mês e com direito a férias a cada dois anos.

Pesquisei na internet quanto ganha um salva-vidas nos Emirados e encontrei um anúncio para o Hotel Hilton oferecendo o equivalente a R$ 550,00 por mês para o trabalho de vigia de piscina.

Digo vigia de piscina, pois segundo um artigo num jornal local a maioria das pessoas trabalhando como salva-vidas nesta parte do mundo não sabe nem como nadar, que dirá primeiros- socorros. Mas de qualquer forma este não é o assunto deste texto.

Na reportagem “Rachaduras no Paraíso” da Revista Piauí Nº 33, junho de 2009, assinada por Johann Hari, um jornalista inglês que escreve para o Independent, ele revela que apesar do “sucesso” de Dubai, existem centenas de milhares de trabalhadores estrangeiros em regime de semi-escravidão. Veja http://johannhari.com/2009/06/23/as-rachaduras-no-para-so-de-dubai/

Nesta parte do mundo, greves ou sindicatos trabalhistas são proibidos. Após muitos abusos serem apresentados pela mídia, o governo vem tentando melhorar a condição dos trabalhadores. Como a lei que proibe as empresas de construção a trabalharem das 12h às 16h no verão ou quando a temperatura atinge os 50ºC. O que é impressionante é ver que desde que essa lei foi implementada, os termômetros oficiais nunca ultrapassam os 48ºC e uma rápida passada pela cidade nessa hora do dia revela descaradamente aqueles que não respeitam a lei.

Como as temperaturas no Oriente Médio no verão chegam a 50ºC com humidade relativa do ar por volta dos 90%, somente o fato de sair do carro para entrar no shopping já nos faz suar. Na semana passada saindo do supermercado demorei uns três minutos para colocar minhas compras no carro e já não aguentava de calor, transpirava como se estivesse numa sauna/banho turco.

Ontem, dia 9 de agosto, às 14h, parei para pedir informação num prédio e o segurança que fica do lado de fora para direcionar os carros (nem todos os prédios tem esse tipo de serviço) estava encharcado de suor, parecia que ele havia acabado de sair do chuveiro e não tinha se enxugado, as gotas de suor caiam do rosto cansado do rapaz. Esta é época do Ramadan, portanto beber ou comer em público é proibido. Assunto para um próximo texto.

Voltando ao salva-vidas que trabalha no meu prédio. Ele me disse “no complaints”, mesmo ficando14 horas por dia no calor, chegando no dormitório às 23h30 e levantando às 4h30, pois no seu país, Nepal, não há empregos. “Neste prédio, pelo menos estou próximo da sala de ginástica com ar condicionado, o que me permite dar umas fugidinhas para refrescar”, completou o rapaz.



Interessado em saber mais? Veja os vídeos
http://www.menassat.com/?q=en/news-articles/3877-sleeping-giant-foreign-workers-dubai
www.youtube.com/watch?v=BOdXRc-o72M






quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Como manter um mito
Nessie, o monstro gentil

Quantas lendas foram criadas com o intuito de gerar dividendos? Será Nessie mais uma delas?

Conhecida como Nessie, a plessiossauro, um tipo de dinossauro marinho, que habita o Loch Ness (lago em celta) é um dos mais conhecidos mitos do mundo moderno. Esse enigmático monstro tem captivado a imaginação de cientistas, adultos e crianças. Confesso que eu também sempre quis visitar o legendário Ness, situado no norte da Escócia.

A primeira vez que ouvi a palavra Ness foi em Campos do Jordão-SP há mais de 20 anos, onde há uma loja de meias chamada Inverness, nome da cidade onde o lago se localiza. Depois dessa primeira familiarização com aquele nome, ouvi falar da lenda do monstro do lago Ness, mas somente agora em 2011 pude visitar tal destinação.


Não que eu acredite que Nessie existe, mas o fato de poder visitar as highlands da Escócia pede definitivamente uma passada pelo lago. Antes porém de partir nessa “aventura”, assisti o filme Meu Monstro de Estimação* (2008), onde o garoto Angus encontra um ovo do qual nasce o cavalo d'água Crusoé. Os dois viram grandes companheiros e passam por muitas aventuras.

A lenda começou em 1934, quando os jornais publicaram uma foto tirada pelo Coronel Robert Wilson na qual o monstro aparece de longe. A forma do animal aquático lembra a do plessiossauro, réptil marinho da pré-história.
Em 1993ficou-se comprovada que a imagem era falsa, que era uma cabeça de plástico colocada num submarino de brinquedo





O mito, porém, rende muito dinheiro para o turismo da Escócia e principalmente para as cidadezinhas à beira do lago, mas é também fonte de inspiração para filmes. Como o curta-metragem de animação da Disney que tem o simpático monstro como protagonista. The Ballad of Nessie, lançado recentemente. (www.youtube.com/watch?v=_sVdUyi18Lo)

Com o filme na cabeça, parti para mais uma expedição. Na minha mente e por causa das fotos que vi, imaginava o Ness um pequeno lago escuro e com uma densa neblina. O lago é muito maior do que eu tinha imaginado, 37km, sendo o ponto mais largo de 1,6km. É também o mais profundo do Reino Unido, 182,8m em média, com 239,5m na parte mais profunda.

Essa lenda é contada de pais para filhos e ajuda a alimentar o imaginários das pessoas e convidam os viajantes para uma aventura misteriosa nas highlands da Escócia. O fato de eu estar também escrevendo sobre Nessie ajuda a alimentar ainda mais esse mito.




*No filme o Loch Ness tem saída para o mar, mas na verdade o lago desagua no rio Ness.

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